2016

Minas do Camaquã

13 e 14 de novembro

Minas nos brindou com dois belos dias de primavera! Frio na noite e tardes calorosas. De acordo com a foto acima, estivemos lá entre quatro aventureiros: Ricardo, Joéde, Bruno e Maiquel.

Na manhã do dia treze apenas fizemos o deslocamento desde Santa Cruz. Quando adentramos a poeirenta RS-625 percebemos a típica paisagem da campanha, coxilhas intercalados com bosques nos baixados. Um pouco mais adiante o afloramento de rochas (conglomerados) e por fim uma linha de "guaritas" corta a paisagem. Foto ao lado. Os conglomerados observados ali são petromíticos e os arenitos em parte argilosos. As camadas são horizontais. Na medida em que uma camada mais resistente está acima de outra de apenas arenito, forma-se cúpulas cônicas.

Continuamos em desnível até o povoado das minas. Encontramos o Camping e fizemos o meio dia. De tarde fomos conhecer as minas a céu aberto. Todos os pontos turísticos ali são controlados pela Minas Outdoor Sports. Como não procuramos a sede da agência, mal pudemos molhar os pés nas águas da lagoa azul. (verde na ocasião devido à chuva). A cratera é decorrente da extração de cobre que remonta ao século XIX. Para os mineiros, ela foi a Mina Uruguai, explorada até 1996.

A lagoa é guardada com "sete chaves". Local destinado apenas para o Stand Up Paddle e mergulho. Os instrutores alegam profundidade de 180 metros e por isto o local atrai praticantes de mergulho livre (Apnéia). A profundidade dita é questionável porque a largura é de 260 metros. Se fosse assim, os desmoronamentos seriam constantes e cobririam todo o fundo.

Coincidentemente, Minas sediava o 4° Festival Gaúcho de Esportes de Aventura. Quando fomos nos refrescar na praia percebemos muitos visitantes. O sitio em torno da praia abriga velhas construções, tanto de edifícios quanto de barragens. Por pouco a curiosidade não foi suprimida pela distração, quando então um dos instrutores da tirolesa disse que ali existia uma hidrelétrica. Despertado o interesse, os relatos da CETEM (Centro de Tecnologia Mineral) dão conta de que os Belgas adquiriram o direito de explorar as minas na virada do século XIX para o XX. Investiram em infraestrutura, com o represamento das águas do arroio João Dias e construção da usina. Os fatos, no entanto, não são tão poéticos como gostaríamos. A barragem serviu para descartar rejeitos da mineração e a usina possivelmente servia para "O minério mais pobre era rebritado e passava por moinhos de rolos, sendo concentrado em mesas de concentração gravimétricas" (DNPM, 2007).

Comprado dois ingressos para a tirolesa, retornamos para o acampamento para o lanche. Após, subimos o morro da Cruz. Deste lado do arroio João Dias, é município de Santana da Boa Vista. Tudo pronto, lá vai o Maiquel e o Bruno cerro abaixo através da Tirolesa. 1100 metros de extensão. Interessante foi ver o quadriciclo subindo o cerro para buscar os equipamentos.

>Com o retorno dos rapazes ficamos ali até o por do sol. Na ocasião decidimos o que fazer no dia seguinte. Devido à limitação existente em cada ponto turístico controlado pela Minas Outdoor, optamos por fazer um trekking fora das rotas turísticas.

A elevação adjacente nos revelava um complexo de cavernas conforme foto ao lado. Optamos por nos direcionar a elas no início do dia 14. Durante a noite a ideia amadureceu. Resolvemos estender a caminhada até a última elevação, a qual julgamos mais alta que as demais porque sobressaia a linha do horizonte. A decisão foi acertada. A névoa do amanhecer, o percurso percorrido e as paisagens observadas nos trazem boas recordações. Foram tantas fotos que não é possível publicar todas aqui. Esta que encabeça este post foi registrada do cume da quarta montanha em linha, sendo que a mais baixa nem aparece. 

Para os geólogos este parque tem as mesmas características daquele visitado ano passado onde exploramos a Pedra do Segredo. A denominação usada é Grupo Santa Bárbara. Para o mapa da CPRM a formação recebe a sigla de NP3sl, sendo que as duas últimas letras significam Serra dos Lanceiros. Outros autores classificam o afloramento inclinado como Rincão dos Mouras. É bem provável que os nativos também chamem esta localidade de Rincão dos Moura.

Quem nos presenteia com um belo panorama desde o vale é o Dr. Fambrini (2003) com a ilustração que segue.

O Cerro da Cruz é onde fica a tirolesa. A cruz existia até a pouco tempo. O mesmo informante da usina disse que uma ventania a destruiu. O ponto alto do trekking foi o cume da Pedra do Bagual. Na cimeira fomos recepcionados por um grupo de simpática cabras.

Após organizar esta postagem, ficou o desejo de retornar. Um novo trekking ficará para 2018 no mesmo complexo, só que agora pela face Sul dos cerros e finalmente explorar as ditas cavernas.

Fontes Consultadas:

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44134/tde-26092014-160734/publico/FAMBRINI_DOUTORADO.pdf

http://www.dnpm.gov.br/dnpm/publicacoes-economia-mineral/arquivos/a-mineracao-e-a-flotacao-no-brasil.pdf

Estiagem de Inverno, RS.

No dia três de julho estive realizando um trekking na orla meridional do rio Jacuí, próximo à cidade de Rio Pardo. O objetivo era aproveitar o período de estiagem que sucedeu no RS desde maio, quando as temperaturas baixaram consideravelmente e houve pouca chuva no período. Por conseguinte, as barrancas do rio ficaram expostas e a caminhada foi possível direto na margem, nos bancos de areia. Além de fotografar a paisagem local, registrei as camadas de sedimentos expostas nos barrancos. Iniciei o percurso na praia de Santa Vitória e concluí na ponte. Na fotografia, a simplicidade em atravessar o rio para quem viveu a vida inteira fazendo isto.

NEVADA HISTÓRICA DE ABRIL

Foi com esta imagem que iniciamos o dia 26 de abril. Nos presenteou Gustavo Carrión desde Luján (Sul de Mendoza) com esta fotografia desde seu local de trabalho. No dia 19 do mesmo mês já havia nevado consideravelmente em alta montanha interrompendo inclusive o Paso Libertadores, porém esta última teve uma abrangência geral inclusive sobre a pré-cordilheira.

Na ilustração da direita, produzida pela MetSul Meteorologia, percebemos nas cores azul e roxa a abrangência da massa de ar polar atlântica (mPa). No Acre foram registrados 14.1° - dia 28 - em Brasileia (200m, 11° latitude Sul). Em São Joaquim SC (1300m, 28º Sul) nevou fraco no dia 27 e na madrugada seguinte os termômetros marcaram -2,9ºC.
Para Borsato e Mendonça (2013) a mPa tem sua origem na altura da Patagônia, é uma massa de ar de alta pressão, baixa temperatura e baixa umidade. Trata-se de um sistema anticiclonal, ou seja, seus ventos seguem o curso contrário à tendência no Hemisfério Sul que é o sentido anti-horário (direção dos ventos alísios). A mPa por vezes recebe reforço da mPp (Massa Polar do Pacífico) até a altura de Junin de los Andes. Mais ao Norte, a Cordilheira se alarga e amplia a altitude, separando o sistema Atlântico do Pacífico. Agora em abril percebemos a atuação exclusiva da mPa visto que o Chile manteve temperaturas altas e alagamentos em Santiago.

A ação da massa polar iniciou sua marcha no continente pela Província de Chubut. Em Esquel se registrou intensas geadas no dia 27 com congelamento de gasolina no interior dos tanques dos caminhões. Nos arrebaldes de Neuquén houve acúmulo de neve de até um metro e meio. Muitos pecuaristas foram pegos de surpresa e notificam que já fazia 50 anos que tal não acontecia em abril.
Igual a Mendoza, Salta no Norte Argentino, amanheceu o dia 26 com os Cerros de Quijano cobertos de neve.
Na Bolívia o noticiero La Razón comunicou no dia 28 que mais de sete comunidades do município de Culpina amanheceram "completamente brancas". Também surpreendidos, relatam que para o mês de abril, algo semelhante somente tinha acontecido em abril de 1971 (veja reportagem). Os danos foram percebidos na agricultura, principalmente nas culturas de maíz, trigo, haba e arveja.

O Projeto Glaciares Andinos tem sido mais uma iniciativa do Grupo Hermomt. Além de ser um projeto distinto entre os demais, agora temos nosso primeiro vídeo. Trata-se da ascensão ao Glaciar Hombre Cojo, na região dos Andes Centrais de Mendoza, AR. Neste projeto aliamos a pesquisa bibliográfica com as expedições de pesquisa. Estas tem acontecido a cada dois anos, geralmente no fim da primavera. As imagens são de novembro de 2013, mas que só agora pudemos editar e gerar o arquivo final em alta definição.