2007

EXPEDIÇÃO BURACO FUNDO

Esta aventura registramos apenas em vídeo. Estávamos inaugurando a primeira filmadora, da Panasonic gravando em mini DVD. Foi o maior percurso que fizemos em apenas um dia. Era o dia 15 de novembro de 2007.

Malhada.

No dia 25 de Julho (2007), enquanto alguns comemoravam o dia do colono e motorista, cinco hermomtes (Wiliam, Joéde, Maiquel, Calebe e Ricardo) pedalaram até a localidade de Malhada, ainda dentro do município de Santa Cruz, distante uns 12 km da cidade. O local é acessível tanto por Cerro Alegre Alto, como por Cerro Alegre Baixo.

Nosso objetivo era conhecer o local onde está acontecendo um movimento geológico, ou seja, um escorregamento de solo e rocha, abrindo uma fenda no platô basáltico existente à sudeste da cidade de Santa Cruz do Sul.
O fenômeno tem sido percebido a partir de 1988. Olidia Moraes, moradora do local, lembra que inicialmente a família notou, na lavoura, rachaduras com cerca de meio metro de largura.

Estimativas dizem que mais de 15 milhões de m³ de material já cedeu formando um canyon de 60m de profundidade. "Quando vem uma chuva forte, ouvimos um barulho horrível vindo do buraco. Primeiro as pedras se soltam e depois a impressão que dá é que elas caem dentro d'água" narrou Olídia. Pelas mesmas fontes, este é um processo natural que acontece com escarpamentos basálticos no seu processo de evolução.

E lá estavam os exploradores, ora fazendo trilhas pelo mato, subindo em escarpas e atingindo os mirantes do local.
Na distância, se confundindo com o horizonte avistamos o Cerro Itacolomy, já na divisa entre Passo do Sobrado e Rio Pardo. Lembramos que estivemos nele no ano anterior, no dia 28 de fevereiro no feriado de carnaval. Subimos pela face norte e ao meio dia estávamos no cume. Não tínhamos equipamento fotográfico e não foi registrado o momento. Aqui na Malhada,dispúnhamos de uma máquina fotográfica emprestada, a primeira digital que usamos, gentileza do Fábio.

APARADOS DA SERRA

Com o objetivo de expandir nossos horizontes para além do Vale do Rio Pardo, projetamos para 2007 nossa primeira grande aventura. O local escolhido foi os Campos de Cima da Serra, fronteira com Santa Catarina e também denominados de Aparados da Serra. Foi no dia 23 de janeiro que iniciamos a viagem.
1 dia(23). Fizemos o deslocamento desde Santa Cruz do Sul até Caxias através de ônibus. Dias anteriores tinha ido até a rodoviária para falar com o motorista que fazia a linha. Expliquei para ele que tinha a intenção de levar junto bicicleta. Ele disse que não tinha problema. Quando, no entanto, chegamos com 5 bicicletas, ele se apavorou. Por fim elas foram colocadas no porta malas de trás e não junto com a bagagens comuns. No fim deu tudo certo. Na foto da direita estamos na rodoviária de Caxias. Fizemos um pequeno percurso até o Big e de tarde, depois das quatro, partimos novamente em direção a Cambará do Sul.

Cambará é uma cidade pequena, tudo gira em torno da praça. Ali descarregamos as bagagens, montamos as bicicletas na calçada, fizemos filmagens e compramos víveres. Uma pausa para uma foto e seguimos na rota que leva ao Canyon Fortaleza. Apenas nos afastamos da cidade e ameaçou escurecer. Era hora de fazer a janta. Na primeira tentativa instalamos o "fogão" na beira da estrada e começamos a preparar as sopas. O vento dificultou e tivemos que adentrar uma mata de pinheiro. Acampamos ali mesmo. Pouco movimento na estrada e ninguém nos incomodou durante toda a estadia.

2° dia(24). Despertamos bem. Mais um belo dia nos aguardava. Desmontamos acampamento e seguimos. Logo adiante um veado, percebeu nossa aproximação e sumiu em meio à vegetação. Muitos altos e baixos, estrada de chão. Bom que não tinha muito movimento. Chegamos enfim no Paradouro da Fortaleza. Percebemos que haviam cabanas para turistas, mas no nosso caso apenas queríamos era um bom café. Muitas opções, tipo colonial. Foi a principal refeição do dia.
Havia providenciado um esquema climático para os dias da expedição. O tempo continuaria bom, apenas a incidência de UV seria alta. Ao sairmos do Paradouro esta incidência foi sentida na própria pele. Alguns exageraram no protetor, outros não consideraram importante.

Chegamos no Canyon perto do meio dia. Continuamos pela estrada até o mirante. Quase lá, deixamos as bicicletas no estacionamento e seguimos a pé. No "mirante" do mirante o Boáz nos fotografou com o seu celular. Em 2007 os smartphones eram novidade, ele era o único que tinha.
A foto da acima, na direita, registra este momento. Foi a melhor foto da viagem. As demais que aparecem aqui na postagem foram extraídas dos frames do vídeo.
No mirante, encontramos a maior elevação do terreno, são 1.117 metros sobre o nível do mar. Dali avistamos Torres e imediações de Praia Grande, já em Santa Catarina. Por sinal, a borda do Canyon foi escolhida como fronteira entre os dois estados. Estando ali, presenciamos o voo de um helicóptero e quando já íamos embora, o fenômeno da viração, quando nuvens que se formam no litoral fazem rasante nos aparados e por vezes "fecham o tempo" por ali.

Não estava concluída nossa estada no Fortaleza, tinha muita coisa para ver ainda. Retornamos até o Rio do Tigre Preto, seguimos por uma trilha (foto acima, esquerda) e chegamos até a cascata. Foto a direita. Antes das quedas, nos banhamos no rio. Leito rochoso e sem profundidade. Nesta época não tínhamos nenhuma experiência com Rappel e portanto não desenvolvemos nenhuma atividade em rocha. Seguimos outrossim pela trilha até a Pedra do Segredo. Esta é uma formação curiosa no parque. Um bloco de 30 toneladas sustentado por uma base de apenas 50 cm. Foto abaixo, esquerda.

Todo o complexo faz parte do Planalto das Araucárias. A rocha predominante é o Basalto. Por ser ígnea, esta rocha foi formada quando o magma sofreu resfriamento em contato com o ar. Isto nos remete ao período Juracretácio quanto tivemos a maior manifestação de vulcanismo continental do globo. O magna chegou até a superfície através de fissuras, motivo pelo qual existe arenito nas camadas inferiores ao basalto. O arenito por sua vez remonta à Província Geológica do Paraná, antiga bacia sedimentar formada em tempos Gondwanicos e que se estende pelo Uruguai, Argentina, Paraguai e Brasil. Na foto abaixo temos um panorama da abertura do canyon.

3° dia(25). Acordamos novamente entre pinheiros. No entardecer do dia anterior jantamos mais uma sopa. Era o cardápio mais em conta na Pousada Cafundó. Nossas primeiras viagens foram feitas com pouco recurso. Era dinheiro da venda de alumínio e cobre. No acampamento desta noite o Maiquel perdeu suas lentes e passou a usar o óculos com lentes de "fundo de garrafa"! Perto do acampamento tinha uma bifurcação na estrada. O Maiquel e o Wiliam retornaram para Cambará na intenção de comprar algo que faltava, nós três seguimos pelo atalho. No alto de uma colina o Boáz conseguiu sinal de celular e ficou um bom tempo dialogando com Santa Cruz do Sul. Mesmo seguindo por um atalho, atrasamos. Mais adiante nos perdemos em meio a uma floresta. Já de tarde encontramos o MK e o Wiliam que já tinham ido até o Itaimbézinho a nossa procura. Como eles já conheciam o caminho, seguimos. Muito irregular o terreno, muitos lances empurrando a bicicleta. Chegamos nas imediações já de tardinha. O funcionário do parque nos aconselhou acampar longe das vistas do IBAMA. Obedecemos.

4° dia (26). Adentramos o parque do Itaimbézinho. Diferente do Fortaleza, aqui existe estrutura física e naturalmente um custo para acessar. O canyon é repleto de cachoeiras. Na direita, a Cascata das Andorinhas, conhecida por este nome devido ao abrigo que as andorinhas encontram na fenda das pedras. Localiza-se próximo às instalações e foi fotografada desde a Trilha do Vértice. Na mesma sequência existe outro córrego de menor volume que precipita na Cascata Véu da Noiva, foto abaixo. As paredes de basalto são verticais. O nome Itaimbézinho, em guarani, significa pedra cortada. As trilhas seguem pelo costado das paredes, em estrada de chão. Nos mirantes existem cabos de aço como proteção.

No ápice da Trilha do Cotovelo temos o mirante para a abertura do canyon. Foto abaixo. É por ali que sobem os aventureiros que fazem a Trilha do Rio do Boi. Esta trilha parte da cidade de Praia Grande e pode ser feita apenas com a companhia de um guia. Um dia desceremos lá para ver!
Permanecemos no parque até as primeiras horas da tarde. A iminência de uma chuva nos levou a embalar nossas coisas em sacos de lixo e acomodar nas bicicletas. Por fim iniciamos o deslocamento até São Francisco de Paula. A chuva veio, embarrou a estrada. Nas descidas era uma emoção que só vendo!

Alcançamos a RS-020 no meio do caminho entre Cambará e Tainhas. A chuva parou, trocamos a roupa e seguimos. Depois de Tainhas escureceu, seguimos. A vantagem de pedalar de noite é que não vemos as subidas.
Quando avistávamos o clarão das cidades, estávamos em algum lugar alto. Foi assim que chegamos em São Francisco, cerca de duas da manhã do dia 27. Os parentes do Calebe e Boáz ainda nos aguardavam.
5° dia(27). Descansamos em São Francisco de Paula. Caminhamos pelo centro, no parque, enfim, uma bela cidade da Serra Gaúcha. No inverno é muito frio ali, a neve é corriqueira. Na última foto deste post, o Maiquel e o Lago São Bernardo.

6° Dia(28). Descemos para São Leopoldo três de nós, e o Boáz e Calebe ficaram mais uns dias curtindo a folga. Disseram posteriormente que fizeram o trecho até Taquara de bicicleta. Desceram com muita atenção porque a RS-020 não tem acostamento. Com as filmagens da viagem produzimos um vídeo de recordação.